quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mil anos dos Judeus na Polônia

A Exposição Mil anos dos Judeus na Polônia, apresenta o passado e o presente dos judeus na Polônia e sua relevância na formação da identidade cultural do país, apresentando e descobrindo através da história judaica parte da própria identidade.

Imagem: Liege Ferreira

Para a organização da mostra a parceria foi do Consulado Geral da República da Polônia, Federação Israelita do Rio Grande do Sul, StudioClio – Instituto de Arte e Humanismo, Sala Redenção e Museu da UFRGS. Criada pelo Instituto Adam Mickiewicz de Varsóvia, a exposição inclui 60 painéis, filmes seguidos de debate e apresentações musicais, tendo como público alvo a comunidade em geral, com enfoque para estudantes, professores e formadores de opinião.



Imagem: Liege Ferreira

A Mostra busca promover uma "viagem no tempo". Da Idade Média até o presente, o público pode conhecer o apogeu da cultura ocidental judaica vivido na Polônia. Parte da programação conta a trajetória de vida de Irina Sendler - ativista da resistência polaca Anti-Holocausto, que Durante a II Guerra Mundial arriscou sua vida salvando mais de 2500 crianças judias. Também é a oportunidade para conhecer o nascimento da tradição Chassidica, o judaísmo ortodoxo.



Imagem: Liege Ferreira

A exposição já passou pela França, pelo Parlamento Europeu - Strasbourg e Curitiba, no Paraná. De Porto Alegre segue para São Paulo e Brasília. A visitação é gratuita. A curadoria é de Marili Berg e de Tiago Halewicz.



Imagem: Liege Ferreira

Lembrando: O que: Exposição Mil anos dos Judeus na Polônia

Quando: De 05 de maio a 26 de junho de 2009

Onde: Museu da UFRGS (Rua Osvaldo Aranha, 277 Campus Central Bom Fim)

Horário: De segunda a sexta, das 9h às 18h; Sábado e domingo, das 10h às 17h

Opinião:

A exposição Mil anos dos Judeus na Polônia me surpreendeu logo no início; quando cheguei no Museu da Universidade Federal estavam saindo do local mais ou menos umas 10 pessoas. Fiquei chocada, pois esse número de visitantes só acontece nas inaugurações e olhe lá. A maioria das mostras são freqüentadas por poucas pessoas. O diferencial dessa já começa aí, em entrevista, um dos mediadores, Mariano Bay de Araújo, 23 anos, do curso de filosofia, me contou que a média diária de visitantes é de 30 pessoas; as escolas, principalmente de ensino médio organizam grupos para ir conhecer a mostra, e os mediadores as recebem e vão explicando quadro por quadro. A média é de 7 escolas por semana e a idade dos visitantes em geral varia bastante, de 14 a 80 anos.

Imagem: Liege Ferreira

Mil anos dos Judeus na Polônia é uma exposição documental que conta a história milenar dos judeus na Polônia, a partir do século X até os dias de hoje. A exposição nos permite adentrar em mundo desconhecido da grande maioria, e também nos permite conhecer uma das mais intensas e ativas comunidades judaicas européias. Além de mostrar com muito respeito a história dos judeus poloneses exterminados durante o Holocausto nazista, a mostra honra a memória de mil anos da história e cultura judaicas inscritas no passado polonês, comprovando estar inseparavelmente ligada à própria identidade cultural polonesa.

A mostra nos traz o desenvolvimento dessa cultura na Polônia pré e pós-guerra, e o momento de reestruturação do país. A exposição apresenta vários pontos de anti-semitismo e perseguição dos judeus e em outros momentos a tentativa de integração dos judeus com os poloneses. Segundo Mariano, infelizmente ainda existe anti-semitismo na Polônia, e essa mostra foi feita para provar e tentar demonstrar com carinho a importância da cultura judaica no país, para aqueles que ainda insistem no preconceito. Só para lembrar, a idéia inicial da exposição começou na Polônia mesmo, produzida pelo instituto Adam Mickiewicz sediado em Varsóvia.



Imagem: Liege Ferreira

Conversei também com um visitante, Bruno Hoffmeister, 23 anos, estudante de Arquitetura da UFRGS. Bruno contou que o motivo de estar ali foi o interesse na própria arquitetura polonesa, já que são apresentadas diversas fotografias da cidade. O universitário pretende participar de um concurso que envolve desenhos do conjunto arquitetônico da Polônia, sendo assim, a mostra contribui um pouco para o seu imaginário do país. Bruno disse estar gostando bastante da visita, apesar de ambos terem concordado que a exposição, por ser de cunho histórico, é bastante densa, tem que estar disposto a algum tempo de leitura para aproveita-la.

Mil anos dos Judeus na Polônia também reúne material de algumas personalidades judias e polonesas que fizeram algum tipo de contribuição universal científica e artística, como Wladislaw Spilman, aquele pianista e compositor em que o diretor Roman Polanski, inspirado nos diários do artista, fez o filme “O Pianista”.



Imagem: Liege Ferreira

Outra coisa interessante para ser dita é como funcionou a programação paralela desse trabalho. Além dos painéis expostos, houve debates e palestras, e também aconteceu a exibição de filmes, vídeos e documentários como o “Irena Sendler - a mulher que salvou 2500 crianças” e “100 anos do Cinema Polonês”.

Gostei bastante dessa exposição por várias razões: é uma aula de História primeiramente, é simples e mesmo assim chama a atenção. E o bacana é que a produção dessa mostra conseguiu trazer outros diálogos para o evento como os filmes e os debates, que apesar de eu não ter participado, acredito que devem ter sido bem interessantes. Não poderia me esquecer de dizer qua cada visitante pode levar para sim um bloco de folhas nos quais estão impressas todas as fotos e o material em si dos quadros. Ideia essa ótima, pois guardamos não só como recordação, mas também como apoio de pesquisa. E para finalizar, fiquei bem contente em ver público no Museu.




Liege Ferreira

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Temporada francesa na Casa de Cultura Mário Quintana promove exposição "O Lugar O Sujeito"

Em comemoração ao Ano da França no Brasil, a Embaixada da França juntamente com a Casa de Cultura Mario Quintana promovem uma temporada francesa na CCMQ. A exposição O Lugar O Sujeito - Le Lieu Le Sujet é uma das atividades da programação, com obras fotográficas que relacionam o sujeito com o lugar e questionam a relação deles com o tempo.

As imagens são de autoria de dois franceses e um brasileiro: Jacques Lalanne, Cláudio Santana e Pierre Gable. A reunião do trabalho do trio de artistas resulta em uma reflexão sobre a ligação da humanidade com o lugar mostrado nas fotos. Nas fotografias feitas por Lalanne a resposta para essa reflexão é crítica, no sentido da filosofia metafísica. É analítica, viva, aguda, sociologicamente culta e crítica no sentido da filosofia política no trabalho de Santana. E afetiva, amante, amorosa, irônica, e crítica no sentido da filosofia sensual, no trabalho de Gable.

Jacques Lalanne, é natural de Saint-Malo, nascido em 1967, e é fotógrafo e músico. Pierre Gable, nascido em Nancy em 1969, é fotógrafo e poeta. Já o gaúcho Cláudio Santana, nascido em Santana do Livramento em 1968, é escritor e fotógrafo.


Lembrando:

O que: Exposição O Lugar O Sujeito - Le Lieu Le Sujet

Quando: De 12 de maio a 1 de agosto de 2009

Onde: Casa de Cultura Mario Quintana - Espaço Mauricio Rosenbatt - 3º andar

Horário: Terça a sexta-feira das 9h às 21h; sábados, domingos e feriados das 12h às 21h


OPINIÃO

Três visões diferentes para relacionar homem e espaço

O Lugar O Sujeito – Le Lieu Le Sujet expõe o trabalho dos fotógrafos Jacques Lalanne, Pierre Gable e Cláudio Santana que tem em comum a proposta de relacionar o homem com o lugar, questionando a relação destes com o tempo. Os dois primeiros franceses e o último, brasileiro e gaúcho, se apóiam nesta temática para expressar seus estilos bem distintos entre si. Lalanne deixa transparecer seu olhar vanguardista, mais puxado para a filosofia metafísica. Gable tem uma visão mais sensível e afetiva. Já o brasileiro Cláudio Santana, natural de Santana do Livramento, se inspira nas desigualdades do país para fazer uma analise crítica dos nossos problemas sociais.

As fotos de Lalanne são mais minimalistas e os leigos podem ter uma dificuldade maior para compreender aquilo que o artista quer dizer. Elas passam um sentimento de solidão e claustrofobia em suas imagens, o que acaba expressando este lado angustiante e negativo da ligação sujeito e lugar. 

Gable é o lado sentimental e feliz desta ligação. Com uma tendência oposta a de Lalanne, o fotografo apresenta imagens mais leves, como a de uma família na praia ou a de uma menina se divertindo no campo, sempre com bastante luz.


Já Cláudio Santana tem um estilo menos intimista que os franceses, unindo arte com critica social. Suas fotos foram tiradas no Rio de Janeiro, símbolo do Brasil em todos os sentidos. As primeiras fotos mostram crianças nos morros (em uma delas, um menino posa para o artista com um facão em punho). Depois, um pai e filho, já mostrados anteriormente nas fotos das favelas, aparecem observando a “cidade maravilhosa” de longe, distante dos belos pontos turísticos da cidade.

Enquanto visitávamos a exposição, apenas uma pessoa apareceu para ver as obras. A professora de Literatura, Carmen Hench, 46, conta que não tinha nenhum conhecimento sobre a mostra, mas gostou do que viu. “O banner da França me chamou a atenção. Gostei muito da foto da vovó e a do Rio de Janeiro. Eu gosto de fotos em preto e branco, aquelas (as de Jacques Lalanne) têm dissonâncias diferentes, parecem com fantasmas”. Ela lamentou o fato do público que vai à exposição ser tão baixo. “Acho que a nossa cultura não é direcionada a observar o outro”. As fotos dos artistas estão expostas em uma parede branca que, em contraste com as fotos em preto e branco, causam um efeito visual bem interessante.

A exposição, que é gratuita, está na Casa de Cultura Mario Quintana até o dia 1º de agosto e faz parte da “temporada francesa” no espaço, em homenagem ao Ano da França no Brasil