quinta-feira, 16 de abril de 2009

Usina do Gasômetro 80 anos

A exposição Usina do Gasômetro 80 Anos marca as oito décadas de existência do maior pólo cultural da cidade. A construção que hoje abriga o Centro Cultural Usina do Gasômetro tem 11.300 m² e recebe um milhão de visitantes a cada ano.


Imagem: Liege Ferreira

Na mostra o visitante conhece em detalhes a história do prédio, que nasceu como termelétrica e atualmente é uma usina de arte. Ao examinar o arquivo do jornal Correio do Povo, o historiador William Keffer descobriu que a Usina começou a operar em 15 de novembro de 1928, e não em 11 de novembro, como se pensava. Keffer é o responsável pela pesquisa e consultoria histórica da exposição.

Nos primeiros anos de funcionamento da Usina, a fuligem da fumaça produzida pela queima do carvão chegava a escurecer telhados de construções dos arredores, além de prejudicar a saúde de seus habitantes. Assim, devido aos protestos da população, foi erguida em 1937, no governo de Alberto Bins, a chaminé de 101 metros de altura e oito de diâmetro em concreto armado, com o uso da técnica então revolucionária das formas deslizantes e revestimento interno de tijolos refratários vitrificados.


Imagem:HEstudio

Esse e outros momentos da história do Centro Cultural estão contemplados na exposição, que ocupa o térreo e o mezanino da Usina: A parte chamada A História na Usina, no pavimento térreo retrata a trajetória desta edificação tão importante como marco urbano na cidade. Este percurso expositivo é dividido em cinco setores: o primeiro setor conta a história da Usina do Gasômetro na concepção inicial do edifício, quando funcionava como Usina de Energia. Além de textos e fotos da época, há uma mostra de objetos daquele período. No segundo setor, é contada a história do período de abandono, e o terceiro setor mostra o período de restauração. O quarto setor relembra o momento em que a Usina se tornou um espaço cultural.


Imagem: Thais Maciel

A Usina na História é o título do segundo percurso expositivo, localizado no mezanino. Ali, a proposta é realizar um resgate histórico dos principais eventos ocorridos no mundo, no Brasil e em Porto Alegre ao longo dos últimos 80 anos, buscando inserir a Usina do Gasômetro nestes diferentes contextos. Uma linha do tempo unifica os painéis, que trazem textos e imagens históricas divididas por décadas (anos 20 até os anos 2000), além de nichos temáticos que mostram elementos destes períodos. A mostra é finalizada com apontamentos a respeito do futuro da Usina do Gasômetro.

Lembrando:

O que: Exposição Usina do Gasômetro 80 anos

Quando: De 27 de novembro a 01 maio

Onde: Usina do Gasômetro (Avenida Presidente João Goulart, 551)

Horário: Ter, Qua, Qui, Sex, Sab e Dom das 9h às 21h

Opinião

Nesse último final de semana fui visitar a Usina para me inscrever em uma oficina de malabares. Ao entrar, me deparei com a exposição comemorativa do aniversário de 80 anos da antiga termoelétrica. O que mais chama a nossa atenção, é com certeza o design, a disposição dos elementos que fazem parte dessa mostra. Nos dois andares em que é apresentada, meio que nos perdemos em um labirinto histórico, em que grandes painéis tomam conta do ambiente, onde as cores, belas fotografias, instalações e objetos inusitados, têm presença confirmada. Paredes com cortes propositais nos fazem ver a exposição de diversas formas.


Imagem: Liege Ferreira

Para quem se interessa por história e fotografia, vale muito à pena dar uma conferida. Um apanhado geral da história da Usina, da nossa cidade e do Brasil também. Ao mesmo tempo em que lemos nos grandes painéis uma síntese de cada época, dos anos 20 aos anos 2000, acontecimentos importantes como a Ditadura Militar tem maior espaço de abordagem; fragmentos de escritos de jornalistas, teatrólogos, pensadores, entre outros, também tem espaço reservado.


Imagem: Liege Ferreira

Outra coisa passível de ser abordada sobre essa exposição, é do porquê que ela é tão pouco visitada. Acredito ser pertinente pensarmos no motivo da falta de divulgação de eventos interessantes como esse para o grande público. A gente só fica sabendo por acaso mesmo. Nesse dia tinham dois casais e um senhor apenas. Me lembro que no aniversário comemorativo da RBS a Usina estava cheia de visitantes. Então eu penso, que mal faria divulgar mais esses acontecimentos na televisão, por exemplo, já que é o meio de comunicação de maior alcance. Devaneio ou não, seria interessante e produtivo a arte, do tipo que for, alcançar mais pessoas.

Perguntei para menina que trabalha na exposição, levando as pessoas para conhecê-la e explicando os conteúdos expostos, se a média de visitação era alta, média ou baixa. A resposta foi média, mas devido ao acaso digamos, pois quem passa por ali, pára para dar uma olhadinha. Algumas escolas têm a ótima ideia de levar seus alunos para visitar a exposição, uma grande coisa, já que nossos colégios, principalmente os do Estado, não tem muito esse costume de levar os estudantes para mostras, ou quando o fazem, é muito de vez em quando.


Imagem: Liege Ferreira

A Usina do Gasômetro é um espaço incrível, que abriga um grande pólo fomentador de arte. Infelizmente, existem locais em Porto Alegre com potencial enorme para abrigar os artistas e as artes que estão praticamente abandonados. Não é compreensível então, porque que vários grupos de teatro, circo e dança não têm lugar para ensaiar. Fica a indagação.

A mostra de aniversário fica exposta por mais algumas semanas, ainda dá tempo de passar por ali para prestigiar um trabalho importante e bem feito, e também aproveitar aquele pôr-do-sol com um chimarrão para não perder o costume!

sexta-feira, 3 de abril de 2009

A beleza do rural e do urbano no aniversário da capital

No dia 26 de março Porto Alegre completou 237 anos. Nesta mesma data, começou no Barra Shopping Sul uma mostra cultural homenageando a cidade. A exposição fotográfica “Porto Alegre – Cenas Urbanas, Paisagens Rurais”, de Eurico Salis, é composta de 18 imagens que fazem parte do livro de mesmo título e contempla o cotidiano da capital gaúcha e suas cidades vizinhas.

O experiente fotógrafo Salis selecionou cenas do dia-a-dia da Grande Porto Alegre e contrastou o urbano com o rural, em fotos tiradas entre os anos de 2006 e 2008. Seu livro conta com 155 imagens coloridas, em 168 páginas que incluem textos inéditos de personalidades renomadas como Moacyr Scliar, Ruy Carlos Ostermann, Luiz Coronel, Carlos Urbim, Luís Augusto Fischer e Antonio Augusto Fagundes, sobre a capital e suas paisagens diversas. No ano passado, o livro conquistou o Prêmio Açorianos de Literatura em Melhor Projeto Gráfico.

Com o slogan “Feliz Aniversário, Porto Alegre. Nosso presente enche os olhos da cidade inteira.”, a exposição premia seus visitantes com belas fotografias de locais como a Rua dos Andradas, Cais do Porto, Morro da Polícia, Ilha da Pintada, Avenida Borges de Medeiros, paisagens rurais de Belém Velho, orla do Guaíba, Usina do Gasômetro, além de parques, praças, edifícios e paisagens noturnas da capital gaúcha.

A mostra está localizada na Praça Central do Barra Shopping Sul, na Avenida Diário de Notícias, 300. Trata-se de uma exposição completamente grátis e poderá ser vista até o dia 26 de abril, de segunda a domingo, das 11h às 23h.


Lembrando:

O que: Exposição fotográfica "Porto Alegre: Cenas Urbanas, Paisagens Rurais", de Eurico Salis.

Quando: De 26 de março a 26 de abril.

Onde: Praça Central do Barra Shopping Sul (Avenida Diário de Notícias, 300).

Horário: De segunda-feira a domingo, das 11h às 23h.


OPINIÃO

Retratos de uma cidade que não para

Passada a semana de Porto Alegre, restam ainda algumas exposições que celebram a cidade. Um exemplo é Porto Alegre – Cenas Urbanas, Paisagens Rurais, que traz algumas belas imagens presentes no premiado livro homônimo, de Eurico Salis. A mostra fotográfica retrata a capital através do olhar do autor em 18 fotos, que se revezam entre alguns dos princiais pontos da cidade, alguns naturais e outros frutos da criação humana. O autor retrata o dia-a-dia de uma forma bastante própria, a antiga Porto dos Casais é retratada em algumas das imagens, como se tivesse vida própria.

A exposição se encontra próxima à praça de alimentação do BarraShoppingSul e pode passar desapercebida pelos menos avisados (enquanto procurava por ela, eu mesmo descobri que já havia passado pelo local sem notá-la). Mas essa "timidez" não compromete o resultado e a grandeza de algumas das imagens. A sensação, ao fim, é de que 18 fotos são poucas e a procura pelo livro deve aumentar bastante. Desta forma, Salis é bem sucedido em sua proposta.

O público que passa para dar uma conferida, mostra gostar bastante das imagens. O policial militar Gilberto Viegas, que observava uma foto do Morro da Polícia, diz que se identificou por conhecer o local fotografado e que achou o trabalho ali exposto muito bonito. Já o publicitário Edir Milane ressalta que achou interessante por trazer ângulos inusitados, de forma que ele nem reconhecia que se tratava de algum lugar de Porto Alegre. Ambos desconheciam o autor, mas afirmaram que por terem se interessado pelas obras e pretendem se informar sobre outros trabalhos de Salis, incluindo o livro que originou a mostra.

As peças estão disponíveis sobre o desenho de uma rosa-dos-ventos no piso, causando um interessante efeito visual - principalmente para quem observa a à distância, no andar acima (veja na foto). E, de fato, não custa nada fazer uma visita à mostra, que é gratuita. Mas vale principalmente pelo conteúdo, que revela um ligação bastante sentimental entre o artista e a cidade. O passeio surge como sendo uma boa oportunidade para aqueles que estão cansados de toda a rotina estressante de uma cidade grande. Estes podem parar, respirar e, caso consigam entrar no clima proposto, enxergar uma certa beleza em todo esse caos urbano diário. Nem que seja por alguns minutos.

Pequena amostra da exposição: