Em comemoração ao Ano da França no Brasil, a Embaixada da França juntamente com a Casa de Cultura Mario Quintana promovem uma temporada francesa na CCMQ. A exposição O Lugar O Sujeito - Le Lieu Le Sujet é uma das atividades da programação, com obras fotográficas que relacionam o sujeito com o lugar e questionam a relação deles com o tempo.
As imagens são de autoria de dois franceses e um brasileiro: Jacques Lalanne, Cláudio Santana e Pierre Gable. A reunião do trabalho do trio de artistas resulta em uma reflexão sobre a ligação da humanidade com o lugar mostrado nas fotos. Nas fotografias feitas por Lalanne a resposta para essa reflexão é crítica, no sentido da filosofia metafísica. É analítica, viva, aguda, sociologicamente culta e crítica no sentido da filosofia política no trabalho de Santana. E afetiva, amante, amorosa, irônica, e crítica no sentido da filosofia sensual, no trabalho de Gable.
Jacques Lalanne, é natural de Saint-Malo, nascido em 1967, e é fotógrafo e músico. Pierre Gable, nascido em Nancy em 1969, é fotógrafo e poeta. Já o gaúcho Cláudio Santana, nascido em Santana do Livramento em 1968, é escritor e fotógrafo.
Lembrando:
O que: Exposição O Lugar O Sujeito - Le Lieu Le Sujet
Quando: De 12 de maio a 1 de agosto de 2009
Onde: Casa de Cultura Mario Quintana - Espaço Mauricio Rosenbatt - 3º andar
Horário: Terça a sexta-feira das 9h às 21h; sábados, domingos e feriados das 12h às 21h
OPINIÃO
Três visões diferentes para relacionar homem e espaço
O Lugar O Sujeito – Le Lieu Le Sujet expõe o trabalho dos fotógrafos Jacques Lalanne, Pierre Gable e Cláudio Santana que tem em comum a proposta de relacionar o homem com o lugar, questionando a relação destes com o tempo. Os dois primeiros franceses e o último, brasileiro e gaúcho, se apóiam nesta temática para expressar seus estilos bem distintos entre si. Lalanne deixa transparecer seu olhar vanguardista, mais puxado para a filosofia metafísica. Gable tem uma visão mais sensível e afetiva. Já o brasileiro Cláudio Santana, natural de Santana do Livramento, se inspira nas desigualdades do país para fazer uma analise crítica dos nossos problemas sociais.
As fotos de Lalanne são mais minimalistas e os leigos podem ter uma dificuldade maior para compreender aquilo que o artista quer dizer. Elas passam um sentimento de solidão e claustrofobia em suas imagens, o que acaba expressando este lado angustiante e negativo da ligação sujeito e lugar.
Gable é o lado sentimental e feliz desta ligação. Com uma tendência oposta a de Lalanne, o fotografo apresenta imagens mais leves, como a de uma família na praia ou a de uma menina se divertindo no campo, sempre com bastante luz.
Já Cláudio Santana tem um estilo menos intimista que os franceses, unindo arte com critica social. Suas fotos foram tiradas no Rio de Janeiro, símbolo do Brasil em todos os sentidos. As primeiras fotos mostram crianças nos morros (em uma delas, um menino posa para o artista com um facão em punho). Depois, um pai e filho, já mostrados anteriormente nas fotos das favelas, aparecem observando a “cidade maravilhosa” de longe, distante dos belos pontos turísticos da cidade.
Enquanto visitávamos a exposição, apenas uma pessoa apareceu para ver as obras. A professora de Literatura, Carmen Hench, 46, conta que não tinha nenhum conhecimento sobre a mostra, mas gostou do que viu. “O banner da França me chamou a atenção. Gostei muito da foto da vovó e a do Rio de Janeiro. Eu gosto de fotos em preto e branco, aquelas (as de Jacques Lalanne) têm dissonâncias diferentes, parecem com fantasmas”. Ela lamentou o fato do público que vai à exposição ser tão baixo. “Acho que a nossa cultura não é direcionada a observar o outro”. As fotos dos artistas estão expostas em uma parede branca que, em contraste com as fotos em preto e branco, causam um efeito visual bem interessante.
A exposição, que é gratuita, está na Casa de Cultura Mario Quintana até o dia 1º de agosto e faz parte da “temporada francesa” no espaço, em homenagem ao Ano da França no Brasil.
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